Uma realidade brasileira, documentada em 1996, e que nada mudou...
Documentário interessantíssimo, retratando a "realidade" das favelas do RJ, o que pensam os moradores, os traficantes, os "sonhos" das crianças em ser chefe da gangue, do tráfico, do morro, e o que pensam os policias que ali tem que subir para amenizar a briga entre morros, para a tomada do ponto de tráfico.
Às vezes esquecemos que por trás de uma grande favela,- onde na visão da maioria das pessoas, moram pobres, pretos, que não sabem de nada, humildes, sem oportunidades na vida,- moram cidadãos, que tem o mesmo direito que todos nós. De ter saúde, escola, lazer, segurança... Muitos entram no mundo do crime por safadeza, mas outras por falta de opção. Pois o governo tira educação, saúde, segurança, e esperança de crescer na vida.
Um documentário feito quando eu tinha 11 anos, e sequer sabia que o salário mínimo era de R$112. É claro que se eu vivesse na realidade daqueles e me oferecessem R$300 por semana, eu não pensaria duas vezes, eu acho. Sem educação, sem perspectiva de vida, sem "nada", sem precisar ir a escola, para ganhar os R$300 por semana, é claro que é muito mais fácil. Nós que estamos fora pensamos que é uma pura besteira, que entra no mundo do tráfico porque quer, mas só sabe quem vive lá dentro, quem passa fome, quem ver o filho chorando pedindo comida e não podendo comprar. É uma realidade completamente diferente da minha. Não to aqui defendendo o tráfico, ou a policia por entrar no morro e querer matar todos sem saber se é velho, criança, inocente, ou ladrão, nem o que dele tiram seu "sustento", mas apenas mostrando que se o governo quiser mudar, ele muda tudo. Mas como isso não faz parte do interesse dele, a guerra existente dentro das favelas, entre o BOPE, e entre os outros morros nunca terão fim, e como disse o policial do BOPE, não vejo uma luz no fim do túnel. Apenas vejo a miséria crescendo, a corrupção aumentando, e o Brasil se "acabando". Cenas que me chamaram muita atenção no documentário, de ficar de boca aberta... a felicidade de uma guri falando quando mata um policial, solta fogos e até festa para comemorar. As armas que usam... mas é claro que muitas delas os policiais chegam vendendo... e como disse um de lá do morro, eles que vendem para gente, é claro que a gente que não vende para eles. O depoimento do próprio chefe da policia do Rio na época, que assume que a policia é corrupta. Mas isso todos nós já sabemos, é claro. A falta do medo que sentem de morrer. Uma criança "apresentando" as armas que tem em domínio. E ainda sabe a fabricação e o nome. Mas me pergunta se eu sei o que é uma 12, e uma R15... só sei que as duas dependendo de quem esteja manuseando, me mata. O depoimento de um dos presos, que diz que quando sair vai fazer pior. Mas é claro que o pensamento deles sempre serão esse. Dentro da cadeia são maltratados, apanham, em uma cela que cabe 10, tem quase 100. Uma pessoa dessas nunca vai mudar seu pensamento, e quando sair vai querer é pintar o 7 mesmo. E um dos menores, detido por homicídio, ao dar seu depoimento disse que mataria novamente, e que não matou policial porque não teve a oportunidade. Fiquei chocada ao ver a escola para menores infratores até 12 anos lotada de meninos... realmente, se as crianças que são o futuro da nação estão assim, imagino eu, que futuro será esse... E o futuro é esse que estamos vivendo hoje. O trabalho nos morros são de 24hs, mas a curto prazo, pois ninguém sabe se vivo vai estar... E o crime não é história, é apenas fato, e a realidade atual de um país que não se importa com saúde, educação, e nem com a vida alheia. E se a ausência disso tudo ocasiona a morte, era para nossos governadores responder por crime de homicídio culposo, ou talvez doloso. Pois sabe o que a falta de uma boa educação, e vida digna ocasiona. E ao não propor, ou pelo menos tenta propor a essas pessoas uma realidade diferente. Posso afirmar que essa guerra entre policia X morro, e morro X morro, não terá fim. Sonhar é bom, e é nele que deposito a esperança de um Brasil melhor, mas apenas nos meus sonhos...
Nenhum comentário:
Postar um comentário